Santo Antônio de Sant’Anna Galvão

Frei Galvão – o santo das pílulas milagrosas

História de Frei Galvão

Texto: Expedição 19

Santo Antônio de Sant’ Anna Galvão, ou simplesmente São Frei Galvão, foi o primeiro santo nascido no Brasil. Canonizado em 2.007 pelo Papa Bento XVI é muito conhecido por suas pílulas milagrosas, que na realidade são papéis de arroz enrolados. Dentro desses papéis estão escritos os seguintes dizeres: “Depois do parto, ó Virgem, permaneceste intacta: Mãe de Deus, intercedei por nós.”

Nascido em 1.739 em Guaratinguetá, no estado de São Paulo, sudeste do Brasil. Foi batizado com o nome do pai Antônio Galvão de França, que era comerciante e capitão-mor na vila de Guaratinguetá e sua mãe Isabel Leite de Barros, bisneta do conhecido Bandeirante Fernão Dias. Um casal muito religioso e rico que tinham uma grande influência política e social. Tiveram dez ou onze filhos, Antônio era o quarto filho entre eles.

Aos 13 anos de idade, em 1.752, foi estudar no Colégio do Seminário Jesuíta de Belém de Cachoeira, na Bahia. A distância enorme e a dificuldade no deslocamento já previa que iria rever sua família apenas 6 anos mais tarde. Em 1.755 sua mãe morre, mas somente em 1.758 Antônio retorna a Guaratinguetá. Na época, já havia se decidido a tornar-se um religioso, deixando para trás todo poder e riqueza que provinha de sua família. Seu desejo era tornar-se um Jesuíta, mas devido a perseguição do Marquês de Pombal a esses religiosos, seu pai o aconselhou a entrar para a Ordem dos Franciscanos no convento de Santa Clara, na vila de Taubaté, a mais ou menos 50 quilômetros de Guaratinguetá. Foi admitido, mas teve que fazer seu noviciado no convento de São Boaventura, em Macacu, no estado do Rio de Janeiro. Nessa época, em 1.761, adota o nome de Frei Antônio de Sant’ Ana Galvão em homenagem a Sant’ Ana, padroeira de sua família.

Já foi ordenado sacerdote em 1.762 devido ao excelente conhecimento que herdou dos Jesuítas em seu período de estudo na Bahia. Vai para o convento de São Francisco, em São Paulo concluir seus estudos de filosofia e teologia. Quando passa por Guaratinguetá, que fica no caminho até São Paulo, reza sua primeira missa na Igreja Matriz de Santo Antônio, mesma igreja onde foi batizado.

Em 1.768, após o término dos estudos é nomeado Confessor, Pregador e Porteiro do Convento São Francisco. Designado também confessor das religiosas de Santa Teresa em São Paulo. Conhece a irmã Helena Maria, que lhe confidencia ter visões onde Jesus lhe pede um novo recolhimento. O Frei também ouvi outras pessoas, mas acima de tudo o parecer de Deus, com quem conversa, em sua orações e confirma ser verdade o pedido da irmã.

Em 1.774 fundam o Recolhimento de Nossa Senhora da Luz, hoje o Mosteiro da Luz, em São Paulo, declarado em 1.998, um patrimônio cultural da humanidade por decisão da UNESCO. Após um ano Madre Helena morre e frei Galvão se torna diretor e mentor espiritual das religiosas e noviças do Recolhimento. Durante esse período, uma mudança no governo da capitania de São Paulo traz um um homem que ordena o fechamento do recolhimento. Frei Galvão aceita a decisão com fé e as Irmãs obedecem, mas não saem do convento. Devido à pressão popular e aos esforços do Bispo, o convento foi logo reaberto. O número de vocações aumentam a cada dia e é necessário mais acomodações. Frei Galvão se torna então o arquiteto, mestre de obras e às vezes pedreiro da obra que começa a construir. Uma expansão para o convento e uma igreja que são inaugurados em 1.802.

Frei Galvão tinha uma importância imensurável na vida dos religiosos de sua Ordem, tanto que certa vez quando foi transferido para ser mestre dos noviços no convento de Macacu, no Rio de Janeiro a Câmara de São Paulo junto do bispo mandam uma carta ao superior de Frei Galvão dizendo: “Este homem tão necessário às religiosas da Luz, é preciosíssimo a toda esta Cidade e Vilas da Capitania de São Paulo, ninguém poderá suportar a ausência deste religioso por um único momento.” E Frei Galvão retorna ao convento de São Paulo.

Em certa ocasião, um rapaz sofre com fortes dores provocadas por cólicas renais, pedi ao Frei que o abençoe para ficar livre daquela dor. Frei Galvão escreve em latim, num pedacinho de papel, o versículo do ofício da Santíssima Virgem: “Depois do parto, ó Virgem, permanecestes intacta; mãe de Deus, intercedei por nós” e mandou o rapaz ingerir o papelzinho feito em forma de pílula. O rapaz o fez, confiando em Nossa Senhora e expeliu os cálculos sem dificuldade. Outro caso muito semelhante se deu quando Frei Galvão foi procurado por um senhor, pedindo ajuda para sua mulher que se encontrava em um difícil trabalho de parto e com perigo de morrer. Frei Galvão se lembrou do caso do rapaz que havia se curado e deu ao marido da mulher as pílulas de papel com os mesmos dizeres. Depois de ter ingerido as pílulas, a mulher deu à luz sem problemas. Esta foi a origem das pílulas de Frei Galvão. Desde então são muito procuradas pelos devotos de Frei Galvão. Hoje as pílulas são confeccionadas pelas irmãs concepcionistas no Convento da Luz, em São Paulo. E também pelas mãos de religiosas e voluntários leigos ligados à Arquidiocese de Aparecida, onde está instalado o Santuário de Frei Galvão na cidade de Guaratinguetá.

Frei Galvão é muito conhecido por suas milagrosas pílulas, mas há outros milagres relatados ao santo brasileiro.

O milagre da bilocação: o fato de estar em dois lugares ao mesmo tempo. Em 1.810 ouviu a confissão de um homem que foi esfaqueado; e sentindo que estava para morrer gritou pedindo por Frei Galvão. O fato aconteceu próximo ao rio Tietê no interior do estado de São Paulo. O Frei chegou até o homem ferido se reclinou perto dele e o confessou. Testemunhas afirmam que naquele momento, Frei Galvão estava pregando em São Paulo e interrompeu a pregação pedindo uma ave-maria a um moribundo.

O milagre da telepatia: que é transmissão ou comunicação através de pensamento a distância. Frei Galvão era conduzido em uma cadeirinha (igual ao andor de procissão) e uma senhora o avista a uma certa distância e resmunga consigo mesma: “Ah, se Frei Galvão me desse sua benção”. No mesmo instante Frei Galvão se volta em direção da mulher e a abençoa. Os que presenciaram o fato, afirmam que o franciscano não tinha a menor possibilidade de ver aquela senhora, pois era conduzido do outro lado da rua em sentido oposto.

O milagre da premonição e clarividência: antecipa ou vê algo que vai acontecer. Em certa ocasião Frei Galvão pregava há um grande número de pessoas ao ar livre em Guaratinguetá. É relatado que durante o sermão uma grande chuva desaba e começa a se aproximar; quando viram que ela chegava ao local, onde todos estavam, quiseram se retirar. Frei Galvão, porém, lhes disse: fiquem pois nada sofrerão. De fato, não caiu uma só gota onde estavam.

O milagre da telepercepção: adquirir conhecimento de fatos ocorridos a grandes distâncias. Antigamente, quando os sinos badalavam fora de horário de reza, a comunidade se reunia, pois com certeza alguma coisa havia acontecido. Pois bem, certo dia, os sinos do Mosteiro tocaram e a população atendeu a convocação. Frei Galvão, já bem idoso, anunciou: “Rebentou em Portugal uma revolução” (talvez a de 1.820). E relatou detalhes como se tivesse assistido a tudo pessoalmente. Semanas depois, as notícias chegam e confirmam as visões de Frei Galvão.

Frei Galvão morreu em 23 de dezembro de 1.822. Conta-se que a fama de sua santidade já havia se espalhado por todo o Brasil. O povo que compareceu ao seu velório, no desejo de guardar uma relíquia sua, foi cortando pedacinhos de seu hábito, que ficou reduzido até seus joelhos. Como ele possuía somente aquele hábito, vestiram-lhe um de outro frade, que também ficou muito curto, pois Frei Galvão era bem alto. A primeira lápide de seu túmulo teve o mesmo destino de seu hábito. Pouco a pouco, foi levada pelos devotos, aos pedacinhos. Essas pedrinhas, eram colocadas em copos com água, para uso dos enfermos.

Santo Antônio de Sant’ Ana Galvão foi beatificado pelo Papa João Paulo II em 25 de Outubro de 1.998 e canonizado no dia 11 de maio de 2.007 durante a visita do Papa Bento XVI ao Brasil. Seu túmulo está no Mosteiro da Luz em São Paulo.

Por isso, Santo Antônio de Sant’ Ana Galvão, ou simplesmente São Frei Galvão é festejado no dia 25 de Outubro.

Oração a Frei Galvão

“Ó Deus que inspirastes ao Santo Frei Antônio de Sant’Anna Galvão, o Frei Galvão, extraordinária caridade com os enfermos, os aflitos e os escravos de sua época no [Brasil], dai-me o vosso espírito de amor para que eu saiba suportar com paciência meus sofrimentos. Intercedei junto a Jesus Cristo, que tanto amaste e neste momento de dor, (faça seu pedido…) não me falte a força e a coragem de suportar a doença; fortalecei meu ânimo onde, passando pelo sofrimento, purifique-me dos meus pecados e também possa ajudar meus irmãos necessitados.” Amém.

Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, rogai por nós.

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