Mártir da Pátria e da Fé e uma das Padroeiras da França
Texto: Expedição 19
De Bruxa a santa. De feiticeira a padroeira. Assim é a história de Santa Joana d’Arc, que nasceu em um período muito delicado para a França, pois o país vivia uma guerra com a Inglaterra desde o ano de 1337. Essa guerra, chamada “Guerra dos Cem anos”, terminou somente em 1453. Mas Joana foi queimada em uma fogueira como herege, após um julgamento tendencioso no ano de 1431. Então porque é dito que Joana d’Arc salvou a França se ela já havia morrido quando a guerra acabou? Nessa época tanto a França quanto a Inglaterra, eram países católicos. No século seguinte a Inglaterra, rompeu com o papa e consequentemente com a Igreja Católica. Se a intervenção divina através de Joana d’Arc, não tivesse acontecido, qual seria o desfecho desse contexto histórico? A Inglaterra tomaria a França e exerceria uma força muito maior sobre a Europa Católica. Mas o fato é que Joana d’Arc reacendeu a esperança que os franceses haviam perdido e mesmo após sua morte eles tiveram forças para vencer essa guerra.
Apesar da vida de Joana d’Arc ter sido muito bem documentada, não se sabe ao certo sua data de nascimento. Em alguns relatos é dito que foi em 1411 em outros 1412, mas é fato que foi em Domrémy, cidade do nordeste da França. Joana, foi a quarta filha do casal de camponeses Jacques d’Arc e Isabelle Romée. Além de ajudar sua família nos afazeres domésticos e na lida com o pastoreio, teve uma infância comum como as outras crianças da época. Também, era muito religiosa. Em vários relatos é dito que frequentava a igreja diariamente. Quando tinha por volta de treze anos de idade, Joana começou a ter encontros místicos. No início, ela teve medo e depois identificou que sua visão era o arcanjo São Miguel. Apareceu lhe também Santa Catarina de Alexandria e Santa Margarida de Antioquia. Nestas visões, o Arcanjo São Miguel lhe deixou a par da miséria que vivia a França e entre várias coisas disse a ela que Deus iria ajudá-la a salvar a França nesta guerra.
A França estava aos farrapos e Carlos VII vivia a dúvida se ele realmente era o herdeiro do trono francês ou fruto de adultério de sua mãe. É nesse momento que Joana d’Arc começa a surgir na história. Nas visões que ela teve com o arcanjo São Miguel, ele sempre lhe dizia que deveria pedir a Carlos VII, herdeiro do trono da França, um exército para derrotar os ingleses e coroá-lo na catedral de Reims, como rei da França.
Como uma moça de 14 ou 15 anos, camponesa, analfabeta poderia chegar perto do herdeiro do trono francês? É quando Joana conhece um nobre cavaleiro que pode lhe ajudar. Ela lhe conta sobre as visões com o arcanjo São Miguel e o que ele havia lhe dito, mas mesmo assim ele não acredita. De repente, Joana descreve uma batalha ocorrida entre os franceses e ingleses em uma ponte. Todos dizem que Joana está louca e a mandam embora. Passado muitos dias; notícias chegam e todos ficam sabendo de uma batalha ocorrida entre franceses e ingleses, exatamente como Joana havia descrito. Então são designados alguns cavaleiros para acompanharem Joana até o herdeiro do trono francês que estava no Palácio de Chinon, a mais ou menos 600 quilômetros de onde estavam.
Carlos VII, já sabia que Joana iria encontrá-lo. Então preparou uma recepção para a moça, afinal ele queria testemunhas para esse encontro. Por questões de segurança, vestiu uma outra pessoa como se fosse ele e se misturou a outras pessoas da corte. Quando Joana chega, após vários dias de cavalgar, ela dá as costas para o suposto rei e sai procurando por entre as inúmeras pessoas que estavam na sala. Foi quando ela caiu aos pés de Carlos VII e lhe diz que está ali para conduzir os exércitos franceses a vitória e coroá-lo na Catedral de Reims. E diz também que ele era o verdadeiro herdeiro do trono da França e filho do rei. Joana nunca havia visto o rei. A partir desse momento, Joana é submetida ao seu primeiro processo. Ela é interrogada pelas autoridades eclesiásticas que verificam suas intenções e se ela realmente era virgem. Havia uma profecia desde antes do nascimento de Joana d’Arc, que uma virgem de Domrémy iria salvar a França. Após todos estarem convencidos, o rei lhe dá uma armadura, espada, um estandarte e um exército. Joana e o exército partem para Orleans, cidade francesa que há oito meses estava cercada pelos ingleses. Esta cidade era determinante naquela guerra. É dito que se Orleans fosse tomada, a França cairia. Segundo relatos, Joana não entrava propriamente em batalha, mas sempre estava entre as linhas de frente a encorajar os soldados. Também é dito que Joana fazia os soldados cantarem as Antífonas a Nossa Senhora e trouxe padres, para abençoarem e confessarem os soldados. Em Orleans travaram batalhas; e em uma destas batalhas Joana foi atingida mortalmente por uma flecha. Miraculosamente, Joana se recupera e o exército francês, liderado por ela, sai vencedor. Os soldados sentem que Joana era a virgem da profecia e que ela os fariam vencedores naquela guerra.
Em maio de 1429, o cerco a Orleans foi vencido e em julho deste mesmo ano o rei Carlos VII é coroado na Catedral de Reims. A perseverança de Joana vence; e todos agora confiam em sua presença à frente do exército francês.
De acordo com um relato do Duque de Alençon, um de seus fiéis companheiros de batalhas, em uma certa ocasião, Joana bate com a espada nas costas de uma mulher de má vida, apenas para afugentá-la, pois ela estava a seguir os soldados. Joana dizia que Deus permitiria a derrota dos exércitos franceses por causa dos pecados dos soldados. A espada quebrou e Joana percebeu que ali sua missão havia terminado. Apesar desse sinal, Joana continuou por vários outros combates, mas sua sintonia com o rei da França havia terminado. Quando Joana mandava atacar, o rei dizia para o exército recuar e quando Joana dizia para recuar, o rei mandava atacar.
Em maio de 1430, durante a semana santa, Joana foi presa em uma emboscada por borguinhões. Borguinhões eram franceses aliados aos ingleses. Joana fica presa por um tempo. É vendida para os ingleses e transferida para Rouen, onde sofre outro processo e sua condenação a fogueira.
O processo durou vários meses entre acusações, interrogatórios e por fim ouviram Joana. Sua condenação como herege, foi dada no dia 29 de maio de 1431. No dia seguinte, Joana é queimada em uma fogueira na Praça do Velho Mercado em Rouen, na França. Relatos afirmam que seus últimos pedidos foram um crucifixo, colocado dentro de sua roupa e pediu também que colocasse um crucifixo na ponta de uma lança para que ela pudesse ver o sofrimento de Jesus crucificado e se conformasse com sua condenação. Era 30 de maio de 1431.
Em 1456 o Papa Calisto III anula o processo da condenação de Joana D’arc e a declara inocente. Em 1909 ela é beatificada pelo Papa Pio X e canonizada em 1920 pelo Papa Bento XV.
Santa Joana d’Arc, mártir da pátria; e da fé e uma das padroeiras da França, é festejada no dia 30 de maio.
“Ó Santa Joana D’Arc, vós que, cumprindo a vontade de Deus, de espada em punho, vos lançastes à luta, por Deus e pela Pátria, ajudai-me a perceber, no meu íntimo, as inspirações de Deus. Com o auxílio da vossa espada, fazei recuar os meus inimigos que atentam contra a minha fé e contra as pessoas mais pobres que habitam nossa Pátria. Santa Joana D’Arc, ajudai-me a vencer as dificuldades no lar, no emprego, no estudo e na vida diária. Ó Santa Joana D’Arc atenda ao meu pedido (pedido). E que nada me obrigue a recuar, quando estou com a razão e a verdade, nem opressões, nem ameaças, nem processos, nem mesmo a fogueira. Santa Joana D’Arc, iluminai-me, guiai-me, fortalecei-me, defendei-me.
Amém!”
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