Padroeiro dos Cozinheiros
Texto: Expedição 19
São Benedito, o mouro; São Benedito de Palermo; São Benedito, o africano; São Benedito, o negro; ou simplesmente São Benedito. Me lembro bem, desde minha infância, ver o santinho negro próximo ao fogão na cozinha de minha mãe, quando ia visitar minhas avós ou tias, lá estava ele em cima do armário ou sobre a geladeira. A grande maioria de minha família é católica e em casa de família católica é praticamente impossível não ver uma imagem de São Benedito na cozinha.
Nascido em 1524 ou 1526 em San Fratello, província de Messina, na Sicília, sul da Itália. Benedito foi o primeiro de quatro filhos de um casal de escravos vindos da África. Os pais de Benedito não desejavam ter filhos, para que eles também não sofressem as dores da escravidão. Mas seu seu dono, um rico fazendeiro, promete dar liberdade pelo menos ao primeiro filho e assim Benedito nasce livre.
Desde pequeno, trabalha como pastor das ovelhas do patrão de seus pais, aliás sendo livre, tinha que trabalhar pelo seu sustento. Desta maneira, não teve oportunidade de estudar, mas foi muito bem educado por seus pais e com eles aprendeu os primeiros passos de uma vida cristã. Benedito cresce e agora enfrenta um duro trabalho na lavoura, onde frequentemente é insultado por outros jovens que o chamam de mouro, não por sua descendência mas, por causa da cor de sua pele. O sofrimento, a falta de oportunidade, o preconceito; tudo isso nos faz pensar que Benedito é um adolescente rebelde, mas ao contrário, ele sempre se mantém calado e oferece a Deus todo o sacrifício de seu trabalho e das ofensas que sofre. Benedito já começa a demonstrar ares de santidade.
Por volta dos vinte e um anos de idade enquanto trabalha na lavoura e é insultado por outros jovens, Benedito é surpreendido pelo frei Jerônimo Lanza, um frade eremita. O religioso adverte os jovens que ridicularizam o rapaz e profetiza que um dia esse pobre jovem terá fama de santidade. Benedito acompanha o frade e também se torna um eremita franciscano. No início se mudam para um lugar próximo a San Fratello, mas a santidade de Benedito chama a atenção das pessoas e todos querem se aproximar dele. Por fim, a comunidade dos irmãos eremitas franciscanos é forçada a se mudar para outros destinos sempre em busca de viverem a paz dos trabalhos, jejuns, orações e penitências.
No ano de 1562, o Papa Pio IV determina o fim da Ordem dos Eremitas Franciscanos, pois faz uma reformulação das Ordens Religiosas e Benedito é acolhido pelos Frades Menores Capuchinhos no Convento de Santa Maria de Jesus, em Palermo. Benedito é enviado ao Convento de Sant’Ana Giuliana, para uma espécie de noviciado, talvez uma adaptação para a nova Regra Conventual. Permanece lá por três anos e volta para o Convento de Santa Maria de Jesus, onde permanece até o final de sua vida. Faz os votos de pobreza, obediência e castidade; mas continua com o mesmo estilo de vida da época de eremita: sua comida é sempre muito pobre, geralmente apenas pão; anda descalço, dorme pouco, quase sempre no chão e sem cobertas; além disso se dedica aos trabalhos mais humildes e cansativos. Sempre em constante oração e meditação.
Frei Benedito é designado para trabalhar na cozinha e tão logo se torna o cozinheiro. Um cargo que jamais o atrapalharia nas funções de piedade e ajuda aos mais necessitados. Aliás, fez dessa função uma maneira para ajudar os famintos que batiam à porta do convento. Sua fama de santidade se espalha tão rápido como fogo em pólvora e em pouco tempo aquele convento estava cheio de pessoas a procura do “santo vivo”. Mas não era somente os miseráveis e excluídos, que vinham atrás do frade em busca de conforto para as suas misérias materiais, também nobres e até clérigos vinham para serem aconselhados por ele. Pois, inspirado pelo divino Espírito Santo, frei Benedito era um grande conselheiro e dava lições sobre seu conhecimento das Sagradas Escrituras.
O fato de ser ser leigo e analfabeto também não o impediram de ser nomeado superior do convento, cargo que ocupou contra sua humilde vontade, pois se dizia ignorante para aquela função, mas o aceitou de acordo com sua fiel obediência. Após esse período, volta a ser o simples cozinheiro, mas seus dons espirituais e proféticos, o fazem ser nomeado pela comunidade, como mestre dos noviços. Assim, pôde salvar muitas vocações, sendo instrumento de Deus para aqueles jovens.
Frei Benedito, faleceu no dia 4 de abril de 1589. Seu corpo incorrupto está no Convento de Santa Maria de Jesus em Palermo, Itália. Foi canonizado em 1807 pelo Papa Pio VII.
Muitos milagres são atribuídos a São Benedito. Alguns deles, intercedidos ainda em vida como curas de enfermos, multiplicação de alimentos de sua cozinha e até a ressuscitação de uma criança. Aliás, esse milagre nos trás uma dúbia interpretação da imagem do santo. Alguns autores afirmam que a criança no colo de São Benedito é aquela que ele salvou da morte. Outros afirmam que é o menino Jesus que a Virgem Maria entregou em seus braços durante um encontro místico. Há também um outro fato místico que não poderia deixar de citar. Em uma certa ocasião, na procissão de Corpus Christ, São Benedito, foi nomeado para carregar a cruz na frente da procissão. Em um determinado momento, a devoção do santo pela Paixão de Jesus Cristo foi tão forte que ele entrou êxtase e passou a levitar empunhando a cruz pelas ruas da cidade. Independente das interpretações, São Benedito nos mostrou em fatos de sua vida o verdadeiro valor de amar a Deus na pessoa do próximo.
São Benedito, padroeiro dos cozinheiros, é festejado no Brasil, no dia 05 de outubro e nos outros países do mundo é no dia 04 de Abril o dia que nasceu para a eternidade.
“Oh São Benedito, modelo admirável de caridade e humildade, por vosso ardente amor à Maria Santíssima que colocou seu divino Filho em vossos braços, por aquela suave doçura com que Jesus encheu o vosso coração, eu vos suplico: Socorrei-me em todas as minhas necessidades e alcançai-me de modo especial, a graça que neste momento vos peço (Fazer o pedido). Oh São Benedito, intercedei por mim que a vós recorro confiante. Vós que fostes tão maravilhoso e pródigo no atendimento dos vossos devotos, atendei a minha súplica e concedei-me o que vos peço.” Amém!
São Benedito, rogai por nós.
Comentários